quarta-feira, 30 de novembro de 2011

DIA 003


Cheguei aqui com a idéia preconcebida de que os mexicanos vinham ao Reino De Caliban por causa do dinheiro. É claro que esse é o motivo para vários, mas as histórias que conheci até agora mostram outra realidade. O que ouvi até agora foram histórias de preconceito, criminalidade e amor.
    Passeando pela rua fui perguntar uma informação a um cara e ele percebeu que eu falava português. O mesmo disse ser mexicano, mas que havia morado no Brasil algum tempo. Seu nome era Rafael. Como ele estava indo para a mesma direção me acompanhou então conversamos um pouco. Questionei o cara sobre o motivo de deixar o México e vir para os Estados Unidos. Com certo constrangimento me disse que era gay e que deixara sua família, pois seu pai não concordava com sua homossexualidade. Ele me explicou que os mexicanos são muito conservadores e que ele tivera muitos problemas lá.
    Outra pessoa foi a Miriam uma colega de trabalho. Ela já vive a cerca de dez anos entre os calibaneses. Sempre muito atenciosa e sorridente conversamos bastante. Ela adora ouvir aquelas músicas românticas espanholas que nós brasileiros achamos muito brega. Também questionada por mim sobre sua vinda aos Estados Unidos, Miriam me disse que precisou deixar sua cidade, pois a mesma é controlada pelo narcotráfico e que muitas pessoas são assassinadas indiscriminadamente por lá.
    A história da Maria, outra colega de trabalho que está me ensinando o serviço, foi a mais curta, porém a que mais me tocou. Antes de perguntar o motivo de sua vinda indaguei à senhora Maria sobre os problemas sociais mexicanos e o narcotráfico. Para minha surpresa ela me disse que gostava muito do México, que sua cidade não tinha problemas com o narcotráfico e que a qualidade de vida em sua terra natal não era tão diferente dos Estados Unidos. Aí então perguntei o motivo de sua vinda e ela me explicou que uma de suas filhas possuía necesidades especiales e que ela está aqui há muitos anos, longe do restante de sua família, em busca de um tratamento adequado a sua filha. Agora eu te pergunto: quantos de nós teríamos essa coragem, ou melhor, está demonstração de amor?
    

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