Cheguei
aqui com a idéia preconcebida de que os mexicanos vinham ao Reino De Caliban
por causa do dinheiro. É claro que esse é o motivo para vários, mas as
histórias que conheci até agora mostram outra realidade. O que ouvi até agora
foram histórias de preconceito, criminalidade e amor.
Passeando pela rua fui perguntar uma
informação a um cara e ele percebeu que eu falava português. O mesmo disse ser
mexicano, mas que havia morado no Brasil algum tempo. Seu nome era Rafael. Como
ele estava indo para a mesma direção me acompanhou então conversamos um pouco.
Questionei o cara sobre o motivo de deixar o México e vir para os Estados
Unidos. Com certo constrangimento me disse que era gay e que deixara sua família, pois seu pai não concordava com sua
homossexualidade. Ele me explicou que os mexicanos são muito conservadores e
que ele tivera muitos problemas lá.
Outra pessoa foi a Miriam uma colega de
trabalho. Ela já vive a cerca de dez anos entre os calibaneses. Sempre muito
atenciosa e sorridente conversamos bastante. Ela adora ouvir aquelas músicas românticas
espanholas que nós brasileiros achamos muito brega. Também questionada por mim
sobre sua vinda aos Estados Unidos, Miriam me disse que precisou deixar sua
cidade, pois a mesma é controlada pelo narcotráfico e que muitas pessoas são
assassinadas indiscriminadamente por lá.
A história da Maria, outra colega de trabalho
que está me ensinando o serviço, foi a mais curta, porém a que mais me tocou. Antes
de perguntar o motivo de sua vinda indaguei à senhora Maria sobre os problemas
sociais mexicanos e o narcotráfico. Para minha surpresa ela me disse que gostava
muito do México, que sua cidade não tinha problemas com o narcotráfico e que a
qualidade de vida em sua terra natal não era tão diferente dos Estados Unidos.
Aí então perguntei o motivo de sua vinda e ela me explicou que uma de suas
filhas possuía necesidades especiales
e que ela está aqui há muitos anos, longe do restante de sua família, em busca
de um tratamento adequado a sua filha. Agora eu te pergunto: quantos de nós
teríamos essa coragem, ou melhor, está demonstração de amor?
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