sábado, 24 de dezembro de 2011

DIA 026

Índice Big Mac


     Todas as vezes que saio para comparar coisas descubro o quanto nós somos roubados no Brasil. Que São Paulo é uma cidade cara todos sabemos. O que eu não sabia era o quanto a diferença é exorbitante.
    Para começar vamos falar do Big Mac. Não sei se sabem, mas a revista The Economist criou um índice para o valor do delicioso lanche do Mc Donald’s. Desta maneira a revista pode saber o quanto o dólar esta valorizado em cada país. Adivinha qual país encabeça a lista? Pois bem, andei comendo dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles num pão com gergelim por um dólar e cinqüenta e nove centavos. Este valor é menos que três reais. No Brasil somente o lanche custa mais que dez.
    Até agora o que fiquei mais puto foi com o panettone Bauducco. Na nossa terrinha custa em média treze conto. Aqui achei por cinco dólares! Menos que dez reais e distribuídos pela Hershey’s. Como uma empresa brasileira fabrica algo, vende para outra companhia distribuir e o preço fica menor que na origem?
    Nas lojas de esporte deu vontade de chorar. Eu curto muito roupas esportivas e sou fanático por tênis. Se pudesse teria centenas. A merda de um Nike Shox, que saia por seiscentos reais em terras tupiniquins custa cem dólares aqui. Ah! Que se foda, cansei de fazer conversões e constatar que somos otários...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

DIA 025



    Fui a uma escalada nas montanhas que cercam a cidade. A paisagem é desértica então é muito diferente de tudo que já vi. Os morros ou relevos que conheço no Brasil são cobertos por mata como a serra do mar. Aqui as montanhas são secas e com pedras pontiagudas. Seu pico não é arredondado e sim em formato de triangulo.
    Estou totalmente fora de forma então a subida foi penosa. Não foram muitos metros, mas a encosta é bastante íngreme. Eu e o meu truta argentino encontramos uns caras correndo na trilha. Se pra mim já é foda andar, imagina correr. No trajeto encontramos também um casal namorando. O lugar é muito apropriado. Passou-me um monte de sacanagem na cabeça.
    Chegamos até a metade da subida. Estava ficando muito frio e não estávamos com roupas adequadas. Paramos, sentamos e contemplamos a visão. Incrível! Toda a cidade possui milhares de palmeiras plantadas nas ruas e nas casas. Elas são muito altas. Quando se olha do alto da montanha, a cidade parece um imenso tapete verde. O vale é totalmente plano e não há construções altas. No destaque apenas as copas das palmeiras.
    Esse lugar é realmente especial. Fiquei muito tempo refletindo que não havia nunca passado em minha mente estar aqui. Geralmente as melhores coisas que conheço são obra do acaso, como minha mulher ou com muito esforço como esta viajem. Thank you so much!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

DIA 024


   

  Para a comunicação entrou em ação aqui o jeitinho brasileiro. Meu vocabulário para o inglês é extremamente limitado. Sei regras e uma porção de palavras, mas isso me obriga a falar apenas o trivial. Impossível falar assuntos mais complexos.
   O espanhol esta ajudando. As pessoas me entendem e já aprendi uma porção de palavras, comprimentos e expressões. Muita coisa é parecida, mas existem diversas pegadinhas. Notei muitas vezes as pessoas rindo das coisas que falo e então você percebe que palavras são grafadas iguais, porém possuem significados diferentes.
   Vire e mexe falando sobre algo eu dizia que achava isso ou aquilo engraçado. O engraçado é que esta palavra em espanhol quer dizer algo com graxa. Para nós seria engraxado. Agora uso apenas divertido, pois tem o mesmo significado.
   Meu amigo argentino tem se divertido com os trocadilhos. O que ele mais racha o bico é quando uso o verbo correr. No linguajar vulgar do espanhol a pronuncia desta palavra significa algo como “foder”. Isto é usado como uma gíria para o que seria em português fornicar.
   O negócio é que sem a prática nos dois idiomas eu misturo os três. As conversas com o argentino possui palavras em inglês, espanhol e português. Já o inglês está tipo Joel Santana.

DIA 023


   A adaptação as certas coisas é muito complicada. Estou apanhando muito para aprender a trabalhar neste esquema de horas. É muito estranho mesmo. Também o modo como os produtos são cobrados me atrapalha. Tudo nas prateleiras tem um preço, mas as taxas são cobradas apenas no caixa. Você nunca sabe o quanto será o valor final de suas compras.
   Em todas as oportunidades que comi em algum lugar gastei mais que o planejado. Além das contas das taxas os caras ainda lhe oferecem um up grade em seu pedido. Vamos supor que você peça um combo de alguma coisa com batata frita e refrigerante. Com mais vinte e cinco centavos o refri pequeno se tornas grande. Com mais cinqüenta a batata frita é gigante. Somando isso às taxas você já perdeu o controle de suas contas.
    O mais treta pra mim foi o esquema das gorjetas. Tudo que é prestação de serviços recebe caixinha. Isso é uma instituição aqui. Não é educado usar um taxi e não pagar gorjeta além do valor do transporte. No restaurante uma amiga de trabalho americana me ensinou que se deve pagar vinte por cento do valor final da conta como caixinha. Pensei comigo, fudeu! Além de gastar mais não sei fazer continha de porcentagem. Pra falar a verdade só sei conta de mais e de menos.  Ela então me passou a cola que posso dobrar o valor das taxas e então terei o valor de vinte por cento. Agora sim!
    Já ia me esquecendo que também está complicado comer apenas salada, frutas e comida de microondas. Estou há tantos dias sob esta dieta que esses dias fui a um restaurante e comi peixe frito. Minha barriga estranhou na hora e tive uma caganeira horrível...

DIA 022


    A solidariedade brasileira ultrapassa fronteiras. Não sei como definir um sentimento que une pessoas as quais não se conhecem. A única coisa em comum que partilhamos é a cultura. Falamos o mesmo idioma, gostamos da mesma comida e o mais importante: nascemos na mesma terra.
    Cheguei ao Reino de Caliban com a intenção de não encontrar conterrâneos. Isso porque meu inglês é muito ruim e achei que encontrar brasileiros seria prejudicial ao meu aprendizado. Terrível engano! Encontrar alguns brasileiros aqui esta sendo providencial.
    Até alguns dias atrás os únicos que me compreendiam melhor eram os mexicanos. Como nossas línguas possuem as mesmas origens a comunicação é muito mais simples e eles sempre me auxiliam. O ruim é quando começam a falar muito rápido, principalmente as mulheres, aí já complica um pouco.
    Para minha sorte fui ao serviço postal e encontrei uma brasileira. Uma senhora carioca a qual se casou com um americano e já vive aqui há muitos anos. Sem me conhecer me passou seu telefone e pediu que eu ligasse após seu expediente. Liguei na intenção de pedir algumas dicas. Somente em dois contatos telefônicos esta senhora já me ajudou arranjar um curso de inglês e ainda me indicou para outro brasileiro me descolar um bico. Tem muitas coisas style que quero comprar.
    Como se já não bastasse, perguntei à senhora carioca se algum lugar tinha arroz e feijão para comer. Ela disse que não, mas quando sua mãe preparar ela me traz. Obrigado Brasil!