segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

DIA 038



Abstinencias

Por Patricio Iglesias

  Estoy en busca de algo y no sé su qué. Esas incógnitas son las que inquietan la buena existencia. Supe añorar este goteo que nos protege. ¿Cuantas veces usted sintió que el diluvio nos sacudió aún en presencia de las paredes de un refugio?
 Afuera las bombas hacen estruendosos rugidos como quimeras furiosas. El viento como si peinase el foliaje de una tribu muy irreconciliable. Nosotros la vemos como células dentro de constelaciones. Ellas dicen: " ¿que soleado parece; traeremos nuevas delicias para El ojo hoy?" Y así  planean su incógnita de la buena existencia.
 Mi voz se quedará, la tuya también. Vivimos conquistas, imperios, monarquías y estados constitucionales. Neo-imperialismo también. Cuanto más sabemos acerca de dónde venimos; un poco más sabremos hacia donde nos dirigimos.  Ese crujir tan pronunciado del agua al embestir la superficie.
    ¿Que es mejor? ¿Hacer  lo que nos sale bien o lo que deseamos querer ver? Todo se trata de recuerdos y como nos atraviesan rabiosamente. Apaciguar la desesperación humana. Primeiro leer para instruirse; interpretarlo; querer relacionarlo;... ¿Prever El acontecer?
    El impulsivo anhelo por apoyar la pluma en compañía de la conciencia de una presencia próxima al propio ser. La enumeración ahora cambia su rumbo azarosamente como despistando al lector. Es una manera muy literal de informar; ¿Como podría continuar? Descubriendo que las propias palabras pronunciadas actúan como si evocasen tales y cuales recuerdos.
    Quiero crear a partir de Freud. A las ideas las mama un gran inventario que se hincha.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

DIA 037



    Há alguns dias fui a um restaurante com música ao vivo. Já havia estado antes e comido um hambúrguer muito bom, estilo caseiro e com carne de verdade. Peguei uma programação em que em um dos dias era uma noite de jazz. Fomos os três desbravadores estudantes juntos. Não tínhamos certeza do que encontraríamos.
    O ambiente bastante aconchegante. A luz baixa e com paredes escuras. Um pequeno palco à frente com bateria, teclado e violoncelo. Ao fundo uma máquina de chopp, degustação gratuita! A única coisa que não atraiu muito foi o público. Tirando nós três, a média de idade da galera devia ser setenta anos. Não sei se já escrevi sobre isto, mas também deve ser a média da cidade. O grosso da população é de aposentados. Isto tem limitado um tanto a diversão.
    Pois bem, com lugares já reservados sentamos de frente ao palco. Em seguida dois homens feitos e uma senhora negra de idade sobem ao palco. Eles iniciam um aquecimento e se percebe que a senhora canta muito bem. Eles começam a tocar. Não sou um conhecedor de jazz então me entusiasmei com músicas que conhecia e com aquelas que a cantora chamava o público no refrão. Música acompanhada de cerveja e comida. Tudo bom até a pausa...
    Durante o intervalo a cantora passou próximo de nossa mesa. Então a chamei e disse que era brasileiro e gostaria de ouvir uma canção de meu país. Ela disse que poderia tentar. Quando retornou da pausa a senhora já começou com Insensatez (Tom Jobim\ Vinícius de Moraes) e o que já estava bom ficou fantástico. Após mais umas músicas americanas ela me toca Corcovado (Astrud Gilberto\Tom Jobim\João Gilberto\Stan Getz) ao meu lado uma senhora virava os olhos e sussurrava: Antônio Carlos Jobim, 1968...
    Claro que elas foram cantadas em suas versões em inglês, mas fiquei imensamente satisfeito com meu pedido atendido. Ver a reação das pessoas que conheciam as músicas me pôs muito satisfeito também. Durante a execução das canções minha pele arrepiava e sentia um orgulho tremendo de nossa cultura.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

DIA 036


   Comecei um curso de inglês para adultos numa escola. Já foi interessante desde a matrícula. Primeiro porque o preço do semestre é trinta e cinco dólares. Segundo para quando disse que cursava História a senhora da recepção me disse: você deve conhecer meu nome, Catarina! Eu respondi sim senhora, como a czarina russa... Ela sorriu com a resposta correta.
    Há pessoas de todas as partes do mundo na aula. Além dos vários mexicanos tem colegas de Bangladesh, Iraque, França, Coréia do Sul e Ucrânia. Minha colega ucraniana andou sentando perto de mim alguns dias. Ela fala russo! Disse a ela que não sabia nada sobre a Rússia e que a única palavra que conhecia era pravda. Ela não entendeu e me pediu para explicar. Disse que sabia, pois era o nome de um jornal da época da Revolução Russa. A moça ficou extremamente surpresa e disse que não acreditava e estudávamos essas coisas. Disse a ela que isto era importante para a História mundial e que muitos de meus colegas possuíam bastante interesse neste tema. Ela me disse que tinha estudado um pouco no colégio, mas que não dava importância.
    Meus colegas iraquianos também ficaram surpresos quando lhes cumprimentei dizendo: Salam Aleikum! Perguntaram se eu era mulçumano então disse que não mas que possuía grande admiração pela cultura do islã.
    A senhora francesa riu muito quando disse que usávamos chic no Brasil para chamar uma pessoa elegante. Esse lugar é demais...

domingo, 8 de janeiro de 2012

DIA 035


Novela Mexicana
Parte Final
    Neste momento o jovem casal realiza o sonho americano. Os dois trabalham, possuem casa e carro e todas as parafernálias tecnológicas do momento. Até se sentem em casa, pois existem milhares de hispânicos na Califórnia, onde vivem agora.  A menina e o rapaz já são adultos e agora tem um lindo casal de filhos. Os problemas no México agora parecem um passado remoto.
    A única coisa que estranha a mulher, que não é mais menina, é a mudança no marido. Ela sente falta daquela relação quente de outrora. Agora o marido, que não é mais rapaz, está sempre atolado em trabalho e quando tem um tempo livre não quer sair da casa dos sogros. Os pais da mulher vivem bem também numa casa grande com outros dois filhos homens e uma menina que é a mais nova.
    Como o homem veio aos Estados Unidos sem a família a mulher sempre entendeu o apego pela casa dos sogros. Fora a mulher eram as pessoas mais próximas em laços familiares. Entretanto de uns tempos para cá acha exagerado. Ele não dedica mais tempo aos amigos e filhos e sempre prefere estar um dia inteiro na casa dos sogros. Ela nota ele bastante disperso e esquecido nos últimos tempos. Aparenta nunca estar concentrado, sempre pensativo.
    Não tarda e numa noite o pai da mulher liga e pede que ela se dirija com urgência a sua casa. Ela se apressa e não questiona a pai por telefone, pois há muito tempo não sentia aquele tom de gravidade em sua voz.  Sua mãe havia passado por problemas de saúde então o estomago da mulher começa a dor, pensando no pior. Lembra também que o irmão havia estado metido em encrencas com a polícia e logo se desespera. Dirige-se às pressas a casa do pai junto com as crianças.
    Quando a mulher adentra a sala da casa dos pais vê uma cena estranha. Numa poltrona o pai ampara a mãe que parece passar mal. Os irmãos estão em pé andando para lá e para cá nervosos. No sofá seu marido e sua irmã mais nova choram junto, um agarrado aos joelhos do outro. Ela fica confusa abraçando as crianças contra si. Seu pai vai a sua direção pedindo calma quando repentinamente o marido se levanta e diz: eu amo irmã! E volta ao sofá. A cena que se segue é triste e lamentável. A mulher explode em histeria e os três homens da casa não dão conta de segura-la. As crianças choram abraçadas e assustadas, pois não entendem o que se passa. A mãe continua passando mal e o mais novo casal chorando juntos no sofá. Somente sob o efeito de remédios a mulher consegue apagar após tomar conhecimento da dupla traição. Hoje em dia a mulher vive com as crianças na casa dos pais. Sua casa e seus pertences agora são de sua irmã e seu ex-marido.[1]



[1] Todo o conto foi livremente inspirado numa história real.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

DIA 034


Novela Mexicana
Parte II
    A relação entre os jovens amantes mexicanos se intensifica com o passar dos meses. A menina completara seus estudos e agora ajuda a mãe no trabalho de casa. Por ter estudado certo período e viver em tempos diferentes não deseja seguir os passos da mãe. Pensa em trabalhar e conquistar suas coisas junto ao seu amor, no entanto a cultura de seu povo insiste e colocar barreiras diante de seus sonhos. O trabalho para mulheres fora de casa é visto com maus olhos. Outro agravante é a condição em que vive a cidade. Há muito anos narcotraficantes instituirão um regime de terror na fronteira para abastecer de drogas o ávido mercado americano.
    Embora o ambiente seja desfavorável a relação entre o rapaz e a menina não esmorece. Muito pelo contrário, estarem juntos parece uma fuga para outra dimensão. Os encontros de fim de tarde na casa de um amigo do rapaz que trabalha fora são mais quentes e intensos que o primeiro beijo. Os dois descobrem inúmeras coisas juntos desbravando seus corpos sobre a cama. As mãos e as bocas de ambos são íntimos de cada centímetro de pele. Os encontros terminam no inicio da noite com o rapaz desfalecido sobre cama enquanto a menina corre para casa se ajeitando dentro do vestido de algodão para chegar antes que o pai.
    Após alguns meses desses encontros o rapaz recebe uma ligação da menina num horário incomum. Do outro lado da linha ele sente a menina tensa apenas pela respiração. Ela diz que necessita encontrá-lo brevemente. Quando ele ensaia questionar o porquê ela diz para ele não demorar e desliga o telefone. Sem demora ela a encontra no caminho para a casa do amigo. A menina caminha rápido e tem um semblante de preocupação. Logo o rapaz já se põe da mesma maneira e num segundo pensa milhares de possibilidades do que poderia ter as sucedido. Sem delongas ela saca de um envelope de debaixo da blusa e entrega ao rapaz. Ele o abre e por instantes não entende o que se passa. A menina pára, segura a mão do rapaz com força e diz a ele que espera um filho...
    A situação agora é grave para os dois. Não possuem trabalho, dinheiro ou casa. Sem contar também que a cidade já não é adequada para se criar um filho há muito tempo. O rapaz sem titubear vai ao encontro do pai da menina para lhe informar da boa nova e falar sobre seus planos. Necessita controlar o frio na barriga, pois a feição sisuda do pai lhe coloca medo. Então ele conta ao homem sobre o primeiro neto e em seguida sobre a decisão de se mudar para os Estados Unidos. Para a surpresa do rapaz, após ouvir um sermão sobre responsabilidade, o pai da menina aceita a idéia. Prudentemente o homem já estava pensando há tempos e se dirigir aos Estados Unidos para oferecer maior segurança a sua família. Em questão de dias o rapaz transfere sua vida para a América junto à família da menina.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

DIA 033


Novela Mexicana
Parte I
    Em algum lugar na fronteira entre México e Estados Unidos, meados dos anos 90. Uma adolescente mexicana freqüenta as aulas na escola secundaria. Sempre realiza o mesmo trajeto entre sua casa e a escola. Nesta idade os meninos começam a se tornarem interessantes e um pequeno grupo de rapazes perto da escola chama a atenção. Todos os dias eles estão no mesmo lugar, perto da sombra de uma árvore, alguns em pé e outros sentados num tronco de árvore. Conversam alto, riem bastante e fumam cigarros. Por serem mais velhos já terminaram a escola e o local onde se concentram é estratégico para flertarem com as colegiais.
    A menina para realçar sua beleza usa uma maquiagem carregada mesmo durante o dia, algo comum entre suas amigas. Muito próximos da fronteira com a Califórnia, andam sempre trajando all star e calça jeans. Esta menina em especial chama mais a atenção dos rapazes. Diferentemente de suas colegas, possui descendência espanhola muito próxima, o que faz de sua pele extremamente branca. É esguia e um tanto alta o que a faz também se destacar entre as demais.
    Um rapaz no grupo também rouba os olhares mais atentos. Possivelmente uma mistura de nativos mexicanos e conquistadores espanhóis o tornam alto e forte com a pele num tom moreno bem claro. Cabelos bem pretos e lisos, usando um corte no estilo militar o diferencia de seus companheiros. Ambos, menina e rapaz já se notaram e a troca de olhares já persiste todos os dias a alguns meses.
    Certo dia, um pouco atrasado para o encontro com seus amigos, o rapaz topa com a menina numa viela estreita daquela cidade quente e árida. Quando mirou a menina dobrando a esquina sozinha já agradeceu a Nossa Senhora de Guadalupe dando um beijo na medalha que carrega no peito. Tinha certeza que aquela era a oportunidade que lhe faltava e que não podia mais adiar aquela vontade súbita que tomava conta de seu corpo quando a encontrava.
    A menina abriu um sorriso tímido quando o viu. Suas colegas começaram a andar mais rápido e a deixaram para trás. Os olhos já haviam dito tudo naqueles meses passados. Ela somente contemplou seu maior desejo caminhando em sua direção, tímido, mas confiante. Ele a toma pelos ombros e a encosta na parede com uma delicada firmeza. Os cadernos da menina caem no chão, juntos ao livro de poesias de Inés de La Cruz. Um beijo quente e intenso entre o rapaz que segura a nuca da menina que já se encontra totalmente desguarnecida contra o muro.

domingo, 1 de janeiro de 2012

DIA 032


    Acredito que o pior tipo solidão é aquela que sentimos quando estamos entre muitas pessoas. Imagine você estar próximo de muitas pessoas e ao mesmo tempo se sentir sozinho. A língua e os costumes criam uma barreira entre mim e as demais pessoas aqui presentes.
    Falamos sobre diversos assuntos, mas não trocamos confidencias. Em primeiro lugar porque nos conhecemos pouco. Em segundo porque para mim o idioma possui uma barreira pela qual não consigo ultrapassar ainda. Falta-me vocabulário e fluência para expressar o que estou sentindo para outras pessoas.
    Outra coisa é que mesmo que o idioma não fosse uma barreira ainda tem os costumes. Leva algum tempo para se saber qual tipo de assunto se pode e se deve conversar com as pessoas. Algumas opiniões ou temas podem soar desagradáveis ou ofensivos.  Desta maneira se torna impossível dividir as aflições.
    A solidão também potencializa seus problemas. Qualquer vírgula mal escrita ou assunto mal resolvido se torna um pesadelo. Sem ter com quem repartir os problemas viram um tormento em sua cabeça, te acompanham durante todo o dia e também roubam seu sono. Esta sendo necessário travar uma batalha com a solidão para poder se concentrar nos objetivos.